sexta-feira, 15 de maio de 2009

TatuTatoo

Fiz minha primeira Tatuagem aos 15 anos. Estava fazendo intercâmbio nos Eua, mais precisamente em Minnesota. Lugarzinho bizarro, que neva oito meses por ano, sem nada pra fazer se nåo, pensar bobagem e comer. Trabalhei como baby sitter e um belo dia estava andando com uma amiga em Minneapolis, passamos por várias lojas de tatoos, e decidimos fazer a nossa. Nunca me esqueço do meu pai perguntando o que eu tinha decidido comprar com o dinheiro que havia guardado trabalhando e eu respondi que tinha tatuado um dragåo na perna. Como sempre, a reaçåo foi sem julgamentos, mas com um grande ponto de interrogaçåo falando de escolhas que fazemos para o resto da vida. Såo poucas nåo? As que nåo podemos voltar atrás. Talvez tatoos (na época) e filhos. Nem sei qual a lista de coisas as quais nåo podemos desfazer, mas nåo é um assunto que eu sequer pense muito a respeito.
E daî em diante todas as tatuagens que tenho vieram assim. Em momentos importantes, ou pelo momento em si, que falava bastante da fase de vida pela qual estava passando. Ou pela própria etapa, que deveria ser comemorada ou encerrada. Na seqüência veio a iguana que tenho nas costas, os dragoes do ombro direito e a rosa do pé. Cada uma feita em um país (incluindo Brasil) por motivos e em momentos diferentes. Toda vez que penso que o dragåo da perna de 17 anos atrás deveria ser refeito, para ficar mais bonito, automaticamente olho pra ele e me encho de alegria. Creio (até o momento) que minhas tatuagens eståo envelhecendo comigo. Elas trazem em si a minha histórias e várias histórias. Elas såo o que sou, desde que nasceram. Elas eståo diferentes, porque eu também estou, elas eståo amadurencendo comigo. E independente do desenho e da fase em que foi feito, amo cada uma delas, inclusive com suas transformaçøes.
No momento, nåo penso em refazer nenhuma delas, talvez esse pensamento apareça quando começar a pensar em fazer plástica no rosto. Quem sabe.

Enquanto isso, divirta-se com o texto abaixo, escrito pela Pequena do hojevouassim. Sensacional.

6 ou 17 coisas que você precisa saber sobre uma pessoa tatuada.
1. Não, ela não quer falar sobre isso.
2. Sim, ela teve coragem. Ao contrário de você, que está pensando em fazer uma tatuagem há 14 anos.
3. Não, ela não se arrependeu.
4. Ela é tatuada, não tatuadora. E não quer dar a você todas as dicas de como, onde, quando e que desenho tatuar.
5. Cuidado com perguntas do tipo “Você trabalha com tatuagem?” se não quiser ouvir respostas do tipo “Sim, eu não tiro a tatuagem para trabalhar”.
6. A não ser que pinte um clima, não saia botando a mão.
7. Não, ela não é um outdoor, nem um pássaro, nem um avião. Pessoas tatuadas não gostam de ser assistidas como se fossem um filme. Nem de ser observadas e avaliadas como num programa de calouros. Evite dar voltas em volta dela, olhando de cima a baixo.
8. Pode parecer estranho, mas, não, ela não quer chamar atenção. Pode parecer ainda mais estranho, mas as tatuagens são desenhos dela para si mesma, não para os outros. E têm muito mais a ver com o que ela quer dizer para si mesma do que para o mundo.
9. Perguntas do tipo “E essa aqui, o que significa?” só significam uma coisa: você é um chato. Gostaria de ouvir perguntas do tipo “O que significa o seu cabelo chanel?”
10. Proibido fotografar, filmar, tocar ou comer no recinto.
11. Não, ela não quer pensar em um desenho para você tatuar.
12. Sim, ela respeita se você achar ridículo. Mas nem tudo precisa ser dito. Ou ela será obrigada a opinar sobre o seu enorme brinco de pena.
13. Doeu, sim. Mas o que dói mesmo é esse seu olhar de turista.
14. Sim, ela já sabe que você é louco pra fazer uma, mas nunca teve coragem. A pergunta é: “E daí?”
15. Não, ela não tem tatuagem onde você está imaginando.
16. Sim, ela trabalha num lugar muito democrático. Ou usa terno e gravata.

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