segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pensando no findi



Neste final de semana em Berlin, fiquei pensando muito em onde está a palavra Hitler em toda a cidade. Me dei conta finalmente que em muitos museus, acervos, ou pela cidade mesmo, fala-se em muro, em segunda guerra, em regimes, mas nunca cita-se o homem, ou o holocausto. Nunca é exagero, pois visitei um museu a céu aberto que se chama Topografia do Terror e lá sim, estava tudo estampado em painéis. Bastante impressionantes, mas ainda assim suaves considerando que todas as imagens foram feitas por Nazistas.
Sempre pensei ser extremamente positivo essa nova geração de alemães conhecer os fatos, assumir, e no final das contas se envergonhar. Não é culpa deles, mas os pais e avós estavam lá, portanto, é uma realidade muito próxima. Por outro lado, estando em Berlin pela segunda vez em três meses, de novo tive a sensação que, de uma certa forma, eles preferem ignorar os fatos, ou alguns. Ou, deixar nas entre linhas. Dando uma volta enorme, mas não contando de forma clara e com todas as letras os acontecimentos. Fiquei novamente com a sensação de que a história não é contada de forma clara, ou clara o bastante para turistas, por exemplo. Mesmo concordando que até a história é passível de pontos de vista, fatos são fatos, e contra fatos não há argumentos. Novamente, saí com o sentimento de que faltam os fatos.
Meu amigo Marcoloco, que mora em Berlin, me falou que diversas palavras muito usadas na época, como Führer, foram cortadas completamente do idioma. O que só ajuda a completar a minha tese.
Óbvio, isso são pensamentos de alguém olhando as cultura alheia de fora. Tenho muito respeito pelo povo alemão, aliás, por todos os povos e culturas. E é exatamente por isso que não julgaria o tamanho da dor em relação ao passado, e a forma como um povo lida com ela. Mas, de novo, sai de lá com vontade de saber mas e conhecer mais.
Ainda bem que os livros existem.

4 comentários:

  1. Minha Leti!
    Genial o post como sempre.
    Minha idéia é que a atitude sempre fosse muito nobre criando intervenções, museus e tudo mais para nunca esquecerem e principalmente nunca repetirem.
    Hoje saindo da agência já sei onde passo para te ajudar nessa missão de entender melhor o horror. Preseeeente. Surpresa.
    Te amo

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  2. Oi maninha amada! Bem, nao resisti em fazer um comentario! Tb estive em berlin, por 4 dias em fevereiro, e tanto eu qt o Rodrigo tivemos exatamente a mesmissima impressao!! Nao citam o nome -Hitler- quase nunca, embora ele esteja presente em todos os lugares, pois monumentos e espacos destinados as vitimas do Holocausto existam varios, ne?!! Nao mencionam em q pracas ele fazia os discursos, nem onde era o Bunker onde ele morreu!! No Parlamento fala q la nao era a sede oficial dele, mas acho q tb nao diziam onde era que ele governava(quem gosta de historia, ou viu o filme A queda, e vai a Berlin, creio eu, tem um pouquinho de curiosidade). Enfim, essa e uma historia q me impressiona muito, e q gostaria de ler e saber sempre mais a respeito. Uma teoria, nao minha, ja me disseram tb q ainda nao fizeram escavacoes para localizar o Bunker e nao falam exatamente o local de nada, tao claramente, pra nao incitar, de maneira alguma os neonazistas, q infelizmente, sao realidade.

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  3. Tudo isso que você escreveu acima é verdade. Se você reparar em cada bairro e em suas diferenças vai encontrar uma semelhança ou a cara do lugar mudou ou estão reconstruindo tudo. A ultima vez que estive em Berlim me vi no meio de uma manifestação, e essa era sobre um dos pontos que você menciona o ocultar do povo. Tudo lá é radical 08 ou 80 ou você vira um neonazi ou quer deixar para trás esse passado escroto. No meu caso era o deixar para trás, não parecia uma manifestação e sim uma procissão com várias bandeiras de Israel no meio junto com a bandeira da Alemanha e tudo era muito loco porque havia o desprezo, mas também muita omissão nos sentimentos das pessoas.
    Bjaum Lora!!!!!

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  4. Leti, concordo plenamente.
    Tb tivemos a mesma impressão, Nerso e eu.
    E falando com pessoas de lá, nos disseram que os pais e avós mentem para seus filhos e netos, dizendo que eram contra o nazismo, quando muitas vezes eles tinham tido alguma participação nisso tudo... Louco, louco.
    Mas de certa forma, tudo o que aconteceu foi tão horrível e humilhante e inadmissível para a geração atual que talvez eu tivesse a mesma reação, de nem querer tocar no assunto. Sei lá. Só sei que amo Berlin, e um alemãozinho em especial...

    Beijos!

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