terça-feira, 19 de maio de 2009

Frankfurt - Hamburgo


Primeiro dia de volta ao tabalho e (já) viagem pra Hamburgo. Nada como tirar as amígdalas e acabar de recuperar numa viagem de quinze horas. Tudo certo até aí, mas no último trecho tive o prazer de conhecer um sujeito. Não me interessei em saber o nome. Não deu. Alemão, de seus quarenta anos, que estava voltando de uma grande viagem pela República Dominicana. Com aquela cor rosa-queimado imbatível e um jeito agradável que aos dois do primeiro tempo resolveu perguntar se eu já havia estado na África. Lugar que segundo ele sem dúvida, é o melhor do mundo, onde as pessoas no meio de tanta pobreza tem um grande coração. Que tiram sua camiseta para que você use sem pedir nada em troca. Até aí ok.
Logo me perguntou se eu não gostaria de conhecer, e obteve a resposta óbvia para uma pessoa que gosta de viajar como eu. E em seguida resolveu afimar que uma menininha de trinta e poucos(depois de falar em vinte e poucos, único momento em que ele foi mais agradável)seguramente não teria maturidade para perceber a beleza do lugar e das pessoas de lá. Porque os jovens adultos (jovem adulto pra mim tem até uns 23 anos, mas enfim) vivem em seu mundo no primeiro mundo (que?) e não tem a menor noção de pobreza. Além disso não se misturam, nao vêem e nem convivem com ninguém mais fora de seu pequeno universo. Então como poderão perceber a beleza por trás das pessoas? Isso tudo num tom arrogante, naturalmente.
O avião ainda estava em solo, e a conversa já nesse nível. Eu só tive tempo antes de corrigir minha idade, de dizer que era do BRAZIL, e não da Alemanha. Nessa hora repeti de onde era, depois da brilhante explanação do meu novo amigo, ms ele não parou.
Conclusões: ele realmentre pensa que o Brasil é um país de primeiro mundo. Ou, acreditou de fato que eu não sou brasileira (mas alemã, tentando enganá-lo, como falou também). E por último, possivemente tem muita verdade em todo o discurso, afinal julgamos os outros pelo que somos.
Considerando que meu companheiro de acento às 12h, horário local (pra mim infelizmente ainda eram 7h da manhã)exalava um cheiro incrível a cachaça, tinha uma perna ensangüentada, com a calça manchada (de um acidente que oorreu três dias antes, afffeee)resolveu do nada me chamar de primeiro-mundista alienada, precisei colcoar os fones e tentar dormir.
A minha dor na garganta estava sem dúvida deliciosa se comparada a minha dor de estômago despois dessa conversa. Ainda bem que I-pods existem, e que o Fefê me cedeu fones incríveis que me teletransportaram pra longe dali em segundos. Pra junto dele, mais precisamente.

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