domingo, 29 de março de 2009

Tempo, tempo, tempo

Intempéries- O fim do tempo é a exposiçåo que está em cartaz na Oca. Sempre vale a pena dar uma passada por lá, afinal a Oca em si é já é linda, e fica ainda mais incrível quando as janelas redondas såo parte da exposiçåo. É este o caso, mas a utilizaçåo é bem tímida.
Intempéries é interessante pela proposta, nåo pela exposiçåo em si. A vontade de retratar o estranhamento do homem diante das transformaçoes climáticas é sem duvida uma grande idéia, que no mínimo traz relexåo. Justo no dia de hoje, acabei me vendo numa Oca escura, cheia de projeçoes que mostravam a natureza de todas as maneiras nos quatro cantos do mundo. Com som e (poucas) pessoas. Deu pra aproveitar os brancos da Antártida e o ambiente sem nenhuma luz para pensar no tempo. Nåo na natureza, mas no quanto o tempo muda, cura, devolve, tira, e sobretudo dá muitos presentes. Mesmo com os fenomenos climáticos, com as mais diversas formas de vive-los e de interpretá-los, o tempo independe do sol e da chuva. E é completamente relativo pra cada um de nós. No dia de hoje, adorei pensar no quanto eu gostaria que o tempo parasse. E ao mesmo tempo, adoraria que ele voasse, para fazer desaparecer algumas dores e qualquer tristeza, nåo minhas, mas que såo como se fossem.
Intempéries vale pela diversåo de estar no parque e ainda ter um intervalo bacana para ver algo diferente. Vale também pela reflexåo. E vale sobretudo pelo texto do curador Alfons Hug. Por onde aliás as pessoas passavam batidas.
Segue um trecho.

“Antigamente, o tempo era simplesmente tempo. Era como uma segunda pele para as pessoas, e, apesar de suas ocasionais inclemências, fazia com que nos sentíssemos parte de algo maior na natureza. Mas, agora, o tempo chegou ao fim e transformou-se em clima, uma entidade física, anônima e amedrontadora que, a qualquer momento, é capaz de deflagrar uma catástrofe. As mudanças climáticas fizeram do tempo intempérie. O clima é o tempo sem poesia e estética. Ao contrário do tempo, o clima nåo possui aura.”


Intempéries – O Fim do Tempo
Sáb 07/03 a Dom 12/04 das 14:00 às 20:00
Oca
De terça a sexta, das 14h às 20h Parque do Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n Tel.: (11) 3081-0113
Entrada gratuita aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h

quinta-feira, 26 de março de 2009

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
- Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes

Peguei pesado. Mas acho que a vida não vale a pena se não for pra ter entrega e aposta. Não quero e não vou viver de freio de mão puxado, ainda bem. Adoro ter história, com muitas histórias. Mas tudo isso nunca vai me deixar com medo de começar e recomeçar com o olhar e o coração zerados. Muito pelo contrário, ter vivido tem que trazer coragem pra viver mais. Deve trazer sensibilidade pra reconhecer pessoas especiais, que com certeza darão um novo rumo pra nossa vida. Ou no mínimo, deixarão uma marca impressionante nela. Mas neste caso, não quero a marca, quero tudo, hoje e até o fim (que fim?).
Agora oficialmente, bem vindo a minha vida, Fefe.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Seu Jorge (não tu, pai)


Depois de um almoço muito agradável, Samba (no Samba) resolvemos ir no sábado ao show do Seu Jorge no Credicard Hall.
Impossível indicar ou não indicar ver o moço. Nunca dá pra saber o que vai acontecer. Lembro da minha irmã ser fã, ter esperado uns seis meses pra vê-lo em POA (afinal lá acontecem menos coisas) e aí veio a decepção. Opinião lotado, e aquela atmosfera porto alegrense de quem espera muito por programas bacanas diferentes dos normais da cidade.
Nunca vou esquecer do ar decepcionado de quem deixou de ser fã de alguém. E Pior, de alguém legal.
O único comentário foi que na segunda música, ele caiu e não levantou mais. Acabou o show e a gauchada ficou a ver navios.
Sábado foi surpreendente. Show marcado pras dez, com a promessa de três horas de show. O cara seguiu a risca. Ou teria seguido, se não tivesse chamado a torcida do Flamengo, a turma do Mickey, e a do Tio Patinhas pro palco. Enfim, toda a sua coleção infinita de amigos nos deu a honra. Ruins, bem ruins. Acho que um se salvava. Na minha milésima tentativa de seguir dançando mesmo com aquela bizarrice rolando, sentei um minuto, dormi, e até sonhei. De tão desanimadora a situação, porque não sou surda pra dormir no Credicard hall. Claro que a culpa não é do pobre Seu Jorge e sua turma, obviamente emendei um almoço, num samba e num show logo na seqüência. Mas na boa, é mais fácil tocar uma hora e meia, com toda a vontade, caindo ou não, mas dando a honra de fazer realmente um show, dele, e de mais ninguém. Ele até fez, mas faltou um intervalo. Afinal, melhor uma parada de vinte minutos, do que dez pra ouvir uns seres do além tocarem.
Não deixei de ser fã, mas na próxima, fico no Samba até mais tarde.

domingo, 15 de março de 2009

Nosso Job


No final de cada um dos capítulos do livro A cabeça de Steve Jobs, vemos um resumo dos pensamentos e ensinamentos das páginas anteriores. Dá uma vontade enorme de decorar cada um deles e tentar aplicar no dia-a-dia de trabalho, e porque nåo, da vida. Seria injusto dizermos que é impossível nåo conseguirmos fazer isso, pois a realidade do Brasil é diferente e do noso trabalho também. Pra mim, cada um destes mandamentos de Jobs significam em resumo uma coisa: coragem. Isso pra nåo dizer ' cojones' (em Espanhol fica melhor). Coragem de mudar, coragem de jogar no lixo e começar do zero, ou recomeçar do zero, o que é ainda mais difícil. Coragem de dizer nåo. Dizer nåo para dizer sim ao que de fato deve ser levado adiante. Obviamente pelos olhos de um genio, que sobretudo confia no seu dissernimento, competencia e na sua coragem.
Uma das frases que mais me marcaram foi: nåo ouça os seus compradores, eles nåo sabem o que querem. Por isso a Apple nåo faz pesquisas de mercado e nem com consumidores. De forma alguma estou me colocando a favor, acredito em pesquisas (bem feitas) e acredito sim que devemos estudar o ponto de vista daquele que tem o poder de compra, e de escolha naturalmente. Mas a cada reuniåo que participo em determinadas situaçøes (nåo em todas, ainda bem) vejo o quanto deveríamos pesquisar antes o dissernimento dos contratantes de uma pesquisa. Entregar o olhar do consumidor a um incompetente, desavisado ou simplesmente a alguém que nåo tem coragem, faz com que grandes marcas ou empresas, simplesmente nåo saiam da vala comum. Como é duro saber que a partir dos olhos do consumidor temos que tomar decisøes e dar passsos pra frente, para onde ele adorará ir, mas por nåo saber e por nåo ter referencias do futuro, simplesmente nao é capaz de sinalizar. É facil colocar nas palavras do outro as próprias incertezas, e simplesmente nåo sair do lugar. O nome disso nåo é cautela, ou dar passos com segurança. O nome disso é medo, aquele que hoje em dia deixa grandes marcas e grandes oportunidades pra trás. Só porque nåo estava na boca de alguém mais, mas nas nossas mentes, que sim tem dissernimento e deveriam ter pessoas de coragem levando as idéias adiante.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Esvaziando

Adorei ficar sabendo esses dias de algumas diferenças incríveis entre o cérebro feminino e o masculino. Sabia que eram bichos muito distintos, e que nós, pessoinhas complicadas, pensávamos em milhares de coisas ao mesmo tempo, sem parar, misturando tudo. Só não sabia que o cérebro masculino é dividido em partes, como se fossem caixas. Enquanto que o nosso tem absolutamente tudo interligado, por isso a multidisciplinaridade, o deles tem áreas absolutamente separadas.
Uma vez minha terapeuta comentou que de modo geral os homens ou sentem, ou pensam. Por isso as discussões são tão diferentes pra eles do que são pra nós. Por isso se perdem a cabeça não conseguem mais racionalizar nada, pois estão só sentindo. Se estão pensando e discutindo, podem ser frios e não entender aquele ataque de choro feminino no meio do papo.
No entanto o mais impressionante foi saber que os homens tem um pequeno compartimento chamado de Nothing Box. Quando perguntamos a um sujeito no que ele está pensando e ele responde ‘em nada’ provavelmente seja verdade. Pra nós mulheres é incompreensível não pensar, não refletir, não passar 24h fazendo conexões entre acontecimentos e sentimentos. Às vezes são viagens, outras vezes não, mas nossa cabecinha nunca para. Acredito já ser um grande passo para viver melhor acreditar e entender que este compartimento absolutamente vazio existe, só não nas nossas cabeças lindas e loiras. Claro que deveríamos ouvir algo e acreditar, mas quando foge das nossas referências, como dá pra entender?
Mas passada a fase da compreensão de que o Nothing Box existe, que tal tentarmos implementar um? Seria bom conseguir desligar a chave, olhar um lindo pôr-do-sol ao lado de alguém sem pensar se estamos sendo amadas ou queridas. Seria ótimo fazer uma viagem e desligar de tal forma que conseguíssemos não ficar em todas as horas vagas pensando nas melhores formas de aproveitar, de não sofrer saudade, ou de como será a volta pra casa, marido, trabalho ou qualquer outra coisa. Poderíamos parar de pensar no quanto esta sendo bom ou ruim o momento. Dá pra viver alguns momentos da vida desligando da tomada, mas custa. Mesmo que seja um momento, breve, vale a pena. Qualquer pessoas tem que conseguir se dar uma trégua.
Onde dá pra comprar uma caixinha vazia dessas? Considerando que hoje é sexta, quero um implante pra amanhã.


Obs.: Dé, adorei saber disso.

quarta-feira, 11 de março de 2009

In between days


Ainda bem que existem cidades onde dá pra ficar um mes e voltar pra casa sentindo que faltou muito pra conhecer. Existem outras que encantam por serem pequenas, e a graça é mesmo que ela esteja no meio de umas férias de roteiro extenso. Existem outras que simplesmente nåo encaixam nas nossas referencias de lugar bacana, mas que ainda assim divertem. Existem as frias demais, as quentes demais, e as que såo simplesmenrte maravilhosas. Existem cidades onde se descansa e a graça é justamente ficar sentado sem fazer nada na beira da praia. Existem as que amamos e as que nåo voltaremos.
Pra minha sorte existem também aquelas em que se come muito bem, onde dá pra misturar passeios, família, diversåo e descanso, mas que depois de um tempo despertam aquela saudade de casa.
Esta última, misturada com ansiedade e todos os meus pensamentos positivos para que o tempo passe rápido, é a que faz parte da minha vida no momento. Ainda bem que hoje é quase quinta, e que na quinta nåo faltaråo cinco, como na quarta faltavam quatro. Na quinta, faltaråo tres, e isso já me deixa mais do que feliz.


http://www.youtube.com/watch?v=BiyDau1N3Rk

Margaret Mee


Nunca tinha ouvido falar. Mas quando li a descrição dessa exposição, não sei exatamente porque resolvi ir. Surpresa boa. Essa mulher mudou para o Brasil aos 43 anos, para estudar e retratar através de aquarelas as florestas tropicais brasileiras. O mais interessante é que li alguns artigos a respeito dela, que sempre começam falando sobre a sua coragem como ‘exploradora da Amazonia’ e defensora de coisas. Quando fui conferir as obras e principalmente, quando resolvi parar para ver o vídeo com uma entrevista dela, acabei admirando-a mais por ter decidido seguir um sonho de pintar flores. Talvez até seja uma imagem míope minha, mas não pareceu pelas palavras dela que sua paixão de fato fosse defender os índios ou as florestas. Ela fala com muito mais paixão sobre retratar Orquídeas, Bromélias e milhares de outras plantas, e da suas experiências em chegar aos lugares mais difíceis dentro da selva simplesmente para descobrir mais um objeto da sua paixão. E foi a partir disso que olhei com calma as cem obras expostas.
Depois, acabei me perguntando porque muitas vezes temos que achar um motivo que pareça nobre para exercitarmos uma paixão. Por que as justificativas? Só o fato de gostarmos ou obtermos prazer com algo, já vale a pena. Sendo ou não sendo uma mulher que lutou em defesa dos índios, será que não é relevante o suficiente uma senhora ir para a selva em busca do seu melhor como ilustradora botânica?
Será que não devíamos simplesmente viver os nossos gostos e paixões sem que eles precisem ser justificáveis?

Vá lá se você for mulher, e quiser refletir através das flores. Se você for um homem querendo impressionar alguém, vá também e curta cada um retratos das flores mais incríveis do Brasil. Tenho certeza que sua acompanhante vai adorar a parceria.

Pinacoteca do Estado de São Paulo
http://www.pinacoteca.org.br/?pagid=exposicoes
Praça da Luz, 2 – fone 11.3324.1000

terça-feira, 10 de março de 2009

Que crise?

“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”.
Quem atribue à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”

- Albert Einstein -

Casualmente recebi este texto hoje e foi muita coincidência. Óbvio que o mundo está em crise, o Brasil menos, e graças a Deus, a minha vida menos ainda. Aliás, zero crise. Isso é raro, não? Olharmos pra vida e pensarmos: caramba, tudo ótimo.
Mas recebi um e-mail ontem que me fez pensar na facilidade de algumas pessoas em olharem para os fatos, e tirarem o melhor ou o pior proveito deles. Admiro aqueles que aprendem na crise. Admiro bem os que mostram que são de verdade, honestos consigo e com outros no momento em que ela ocorre. Mas adoro os que mesmo não tendo o comportamento ideal alguma vez, são capazes de aprender, perceberem falhas, e terem a vontade de melhorar. Ou já quererem de antemão passar pelos momentos difíceis bem, do jeito melhor possível. Raro encontrar pessoas assim. Raro encontrar gente que tenha medo dos seus medos, mas que saiba reconhecê-los e encare de um jeito adulto a grande possibilidade da chegada de tempos difíceis. Mas só isso já mostra que as dificuldades já devem, no mínimo, trazer coisas muito boas para pessoas de coragem.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sua mãe



Há um tempinho atrás minha amiga Dany comunicou que iríamos ao Show da Banda Sua Måe. Para a maioria das pessoas nåo é nada óbvio este programa. Pra nós era simplesmente porque é a banda do Wagner Moura. Nem sabia o que eles tocavam, ou se ele cantava. Só há dois dias me interessei em dar uma olhada no tipo de música, afinal não fazia a menor diferença. Eu mesma achei que um sujeito que atua como ele, nåo podia ser meia boca cantando. Mas enfim, realmente nåo importava.
Percebemos que muitas pessoas estavam lá pelo mesmo motivo. Pessoas não, mulheres. Acho que numa fila de mil e quinhentas moças e-mo-ci-o-na-das, devo ter visto uns quatro carinhas desavisados. E óbvio, todas a postos para pegarem um lugarzinho bem na frente. De preferência onde pudessem ser enxergadas pela banda.
Aliás, zero depressão de ficar na Augusta na altura de todos os puteiros do mundo, meia noite, paradas, gatas, e de pé esperando pra entrar. Me senti na fila do Beira Rio aos doze pra ver Menudo. Engraçado, não? Nem com a Madonna nos vi assim.
Só que nada disso fica tão relevante em comparação ao quanto Sua Mãe de fato arrebenta. Wagner Moura realmente canta, eles realmente tocam, e ainda compõem. E mais, existem há dezessete anos e começaram na Bahia, pelo que entendi. O som é divertidíssimo, isso sem comentar naturalmente sobre o querido vocalista arrebentando de dançar, e mostrar uma atitude que não tem explicação. Sábios dos homens que não nos acompanharam porque não quiseram ou puderam. Não teve como não tietar, babar, pirar com a performance. Deu pra enlouquecer com o som também, e é por isso que daqui pra frente vou a todos os shows que eles fizerem por aqui. Vale a pena, não porque vai ver a mulherada delirando, mas porque o show é pura diversåo. Desses que qualquer um canta algumas (ou várias)músicas, dança em todas, se emociona em Creep, se diverte muito, e ainda sai se perguntando se o Wagner Moura consegue ser sequer médio em alguma coisa na vida.

About Me

Nunca sequer pensei em ter um blog. Não sei exatamente porque. Talvez porque eu nao seja uma trend-setter em nenhum aspecto. Só tive meu primeiro computador pessoal no ano passado, achava que o da agência resolvia bem. O primeiro cd depois que todo mundo já tinha, DVD nem lembro o quão atrasada estive.
Gostaria de neste primeiro post dizer quem sou. Mas na verdade sempre senti que estou coisas, estou de jeitos, estou em fases. E sempre encaro dessa forma. Apesar de obviamente ter tentado fazer com que muitas delas durassem pra sempre. Eu sou hoje um pouco de toda a minha história (como todo mundo, claro). Mas adoro lembrar de tudo, e não sofrer por nada. Meu pai dizia que eu seria mãe aos 15 e vó aos 21. Não tenho filhos, mas me sinto bisavó. Foram dois casamentos, um deles com um enteado, muitos namoros, vários amores, algumas desilões, muitas risadas, e óbvio, muita choradeira no meio de uma felicidade maior ainda. Mas sempre com um olhar que me trouxe algum aprendizado. Ou pelo menos, a certeza de ter aprendido um pouco mais a meu respeito. Tenho mais 3 irmãos, um deles acaba de nascer. Um pai e uma mãe que são casados com outras pessoas, e são felizes. E mais, que são amigos. Aliás, uma mãe que se sente avó do nosso irmão, filho do meu pai. Curioso. Com 16, high school em Minnesota. Mais ou menos o pior lugar do mundo pra se morar, com pessoas que passam longe das referências que tinha de felicidade, ou de infelicidade. Chorei na volta, e ri muito também. Trabalho aos 17, já em atendimento, e nunca mais em outra coisa. Thank god. Sou absolutamente feliz. Barcelona para um estágio. Foi longe de ser um só, em todos os sentidos. Experiência absurda, e talvez ai eu tenha começado realmente a me conhecer. Só começado, porque nunca terminei. Nem vou. Mudança para SP há 7 anos. Não foi só uma escolha profissional, foi uma opção de vida, enquanto achar que deve ser. Cidade difícil no início, mas que sem dúvida é a terra de todos. Sem julgamento, mas com exigências. A principal é que apesar dela própria, cada um encontre uma forma de ser feliz e de se sentir alguém importante no meio da multidão. Eu aprendi a me sentir importante, pra mim. E claro, pra todos aqueles que fazem de mim exatamente quem sou hoje. E tomara que amanhã quando tudo estiver diferente.
Amanhã com certeza serei outra, mas a essência permanece, os referenciais e a boca suja. Há um ano estou solteira, 100%. Foram muitas viagens, descobertas, individuais e com grandes amigas. E aprendizado. Por mais que seja absurdo, nunca tinha aberto um vinho ou ido ao cinema sozinha. Do resto, vou poupar este pobre espaço.
Sem nenhum objetivo específico e depois de 31 anos, vou escrever aqui simplesmente o que quiser, pra me divertir. E quem sabe de vez em quando, divertir aqueles que lerem. Zero pretensão, só vontade de exercitar os pensamentos.